A solução perfeita para a S. Social...
manuelpessanha
Em tempos que já lá vão, quando eu era ainda um jovem quadro dinâmico e ambicioso, fui um dia presenteado, por um dos grandes empresários deste local a que chamam Portugal, durante um almoço de trabalho em que o assunto acabou por discorrer para os males da Pátria, com a solução racional para os problemas (já nesse tempo) da Segurança Social e das reformas. Claro que o tema foi tratado já à sobremesa, quando os assuntos sérios estavam arrumados a contento de todos e já era permitido brincar com coisas sérias.
Dizia então o senhor (e era um Senhor) que em termos económicos o problema da Segurança Social e das reformas se resolveria com facilidade reformando toda a gente aos 20 anos. Com escola ou sem escola, tudo para a reforma aos 20 anos. Reforma igual para todos e todas, o que facilitaria as contas do Ministério, e com a duração de 20 anos exactos – ou seja até aos 40. Orçamentos fáceis, poucas variáveis, custos previsíveis. Durante esses 20 anos a população teria tempo para casar, divorciar, acasalar, viajar, fazer o que muito bem lhe apetecesse. As gravidezes não necessitariam de licenças parentais, as noites mal dormidas por causa dos bebés não prejudicariam o rendimento profissional, os pais não teriam a angústia de ter de sair mais cedo para ir buscar os filhos à escola, as crises sentimentais não causariam perdas de horas de trabalho.
Depois, aos 40, com a vida resolvida, os filhos criados, a cabeça assente no seu lugar, começava tudo a trabalhar, conforme as suas capacidades e a maturidade adquirida. E trabalhariam todos até que Deus, na Sua infinita bondade, os levasse daqui para fora.
Porque é que eu me lembrei agora desta conversa, tantos anos depois? Porque a lei da eutanásia vem completar harmoniosamente este esquema: não seria preciso esperar que Deus nos abatesse ao efectivo para deixar de trabalhar! Quando o indivíduo tivesse deficiências que prejudicassem o seu rendimento – entre elas uma idade demasiado avançada para poder render a 100% - pronto: uma eutanásia caridosa e eis uma sociedade perfeita, sem velhos inúteis!
Espero não estar a dar ideias aos legisladores…